Erros foram cometidos revela como humanos evitam assumir falhas, explicando impactos nas relações pessoais, decisões cotidianas e até na democracia, segundo Aronson e Tavris
Admitir erros pode parecer simples, mas é um dos maiores desafios humanos. Essa é a tese de Erros foram cometidos (mas juro que não fui eu), de Carol Tavris e Elliot Aronson, que acaba de ser publicada pela editora Goya. A obra, considerada um marco na psicologia social, mostra como indivíduos e instituições preferem recorrer à autojustificação em vez de assumir responsabilidades.
Logo no início, os autores destacam: “A locução passiva ‘erros foram cometidos’ é uma maneira de reconhecer que algo saiu errado sem que ninguém precise se responsabilizar por isso”. A frase, usada com frequência em discursos políticos, sintetiza a dificuldade humana de admitir equívocos e evidencia como a linguagem pode se tornar um instrumento de isenção.
O livro percorre desde situações do cotidiano, como insistir em relacionamentos fadados ao fracasso, até decisões históricas de impacto global, como a invasão do Iraque durante o governo de George W. Bush. Em ambos os casos, a tendência é a mesma: resistir a reconhecer erros e buscar narrativas que justifiquem escolhas equivocadas.
Na vida diária, essa lógica se repete em pequenas escolhas. Pessoas que compram um carro problemático, por exemplo, tendem a investir ainda mais dinheiro em reparos para justificar a decisão inicial, em vez de reconhecer que fizeram um mau negócio. O mesmo ocorre em carreiras e empregos: muitos permanecem em ambientes insatisfatórios porque já investiram tempo e energia, mesmo sabendo que mudar seria mais saudável.
As relações pessoais também são afetadas. Brigas familiares, ofensas ou desentendimentos se prolongam porque cada parte prefere acreditar que tem razão, esperando que o outro peça desculpas primeiro. Essa necessidade de proteger a própria imagem, apontam os autores, alimenta ressentimentos e dificulta reconciliações simples.
A edição também inclui um capítulo dedicado à política, onde os autores analisam o fenômeno Donald Trump. Para Tavris e Aronson, o presidente norte-americano transformou a negação de falhas em estratégia política. “O processo pelo qual Trump, sua administração e seus apoiadores fomentaram essa visão [de transformar adversários em inimigos] teve consequências devastadoras para nossa democracia”, escrevem os autores.
Mais do que um estudo psicológico, Erros foram cometidos (mas juro que não fui eu) é apresentado como um alerta para sociedades inteiras. Ao expor os mecanismos da autojustificação, a obra sugere caminhos que vão da autocrítica ao fortalecimento institucional, defendendo que aprender com os erros é condição indispensável para a convivência democrática.

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Sobre os autores:
Elliot Aronson
Elliot Aronson (1932), um dos psicólogos mais ilustres e versáteis do nosso tempo, lecionou nas universidades Harvard, de Minnesota, do Texas e da Califórnia. Entre muitos títulos e premiações, recebeu o reconhecimento da Associação Americana de Psicologia por sua contribuição científica, sendo o único profissional a ter vencido nas três principais categorias acadêmicas: escrita, ensino e pesquisa. Sua principal área de interesse é a influência social no comportamento humano. Atualmente, é professor emérito da Universidade da Califórnia.
Carol Tavris
Carol Tavris (1944), psicóloga social, é doutora pela Universidade de Michigan e ensinou psicologia na Universidade da Califórnia, Los Angeles e na New School for Social Research. É um membro da Associação Americana de Psicologia, Associação para a Ciência Psicológica e do Center for Inquiry. Escreveu centenas de artigos e ensaios sobre uma ampla variedade de temas psicológicos, com foco especial em questões políticas controversas e surtos de contágio social.
Sobre a Editora Goya:
A Goya é um selo dedicado ao autoconhecimento e ao desenvolvimento pessoal, pertencente ao grupo editorial Aleph. Com uma curadoria de livros e autores que exploram temas variados, como sagrado feminino, mitologia, filosofia e inteligência artificial, o selo apresenta obras que não apenas relatam, mas também inspiram e contribuem para a transformação do mundo. Saiba mais em www.editoragoya.com.br